IÑIGO Lopes de Loyola, o futuro Santo Inácio, nasceu em 1491. Não se sabe o dia nem o mês; presume-se, porém, que tenha sido por volta de 1º de junho, festa de Santo Iñigo, Abade de Oña (Burgos) pelo fato de o terem batizado com esse nome.
Iñigo era filho de Beltrán Ibánez de Oñaz e de Marina Sánches de Licona, da linhagem Oñaz-Loyola, família nobre de Guipúzcoa ou da "Província", como se chamou este território até o século passado. Os Loyolas viviam numa casa-castelo que era residência e fortaleza ao mesmo tempo, construída em pedra, como tantas outras do país basco.
O duplo aspecto de lar e castelo se explica pelas freqüentes guerras que enfrentaram as principais famílias bascas entre si e, logo depois, com a Irmandade das Vilas, formada pelas cidades que iam nascendo no fim do feudalismo.
Os Loyolas tinham sido sempre bem belicosos e até mesmo ferozes nesses litígios. O avô de Iñigo foi desterrado pelo rei por causa de uma destas brigas e obrigado a destruir a parte superior da casa-castelo. Mais tarde, depois de perdoado pelo soberano, permitiram-lhe reconstruir o andar superior com tijolos.
Nesta casa-fortaleza nasceu Iñigo. Os tempos eram mais calmos, não, porém, sem algumas querelas, que levam séculos para desaparecer, sobretudo num vale pequeno e fechado como o que forma o rio Urola, em cujas margens se assentam as aldeias de Azpeitia e Azcoitia. A meio caminho entre ambas ergue-se o solar natal de Iñigo.
Por volta dos seis anos, o menino perdeu a mãe. Seu pai, que morreu quando ele tinha dezesseis anos, abdicou de todos os seus bens e títulos, ainda em vida, em favor do filho Martín, que passou a ser senhor de Oñaz e Loyola. Martín não era o primogênito e sim Juan que, nesta altura, já tinha morrido na guerra milanesa.
O pai de Inácio, seu irmão Martín e a esposa deste, Madalena de Araoz, foram os que cuidaram da educação de Inácio, que desde cedo deve ter entendido que, sendo o último de uma família tão prolífica, ia ter de construir o seu próprio futuro. Assim o entenderam também seus outros irmãos que foram fazer fortuna na milícia (como Beltrán e Ochoa) ou na América (como Hermando) ou na Igreja (como Pedro, que era sacerdote).
A infância de Iñigo foi a de um menino da nobreza, talvez um tanto mimado por sua condição de caçula e por ser órfão de mãe. A educação religiosa que recebeu foi mais "piedosa" que sólida. O oratório familiar da casa-castelo era dominado por um entalhe flamengo representando a Anunciação, presente feito por Isabel, a Católica, a Madalena, esposa do seu irmão Martín. Dizia-se ser um quadro milagroso.
Iñigo recebeu a tonsura sendo ainda quase adolescente, tornando-se, então, clérigo de "Ordens Menores". Destarte, poderia receber um benefício eclesiástico, de caráter econômico, vinculado a esta condição e título. Vê-se, entretanto, pelo processo aberto contra ele em Pamplona, que seu comportamento deixava muito a desejar. Das atas desse processo se deduz que seus costumes, seu modo de divertir-se e seu penteado estavam longe de ser os de um "homem de Igreja".
Não se sabe qual foi o delito que Iñigo e seu irmão Pedro cometeram, num dia de carnaval; deve ter sido suficientemente grave para fazê-lo fugir e recorrer à sua condição clerical, a fim de escapar da acusação.
A impressão que deixam estas primeiras notícias de sua vida é que Iñigo era um rapaz um tanto aloucado, com inclinação para brigas e certamente muito cônscio dos privilégios que lhe vinham do seu nascimento e da sua condição de fidalgo.
Inácio morreu em 31 de julho de 1556.
Em 1622 a Igreja Católica o declarou Santo.