sexta-feira, 25 de maio de 2012

HISTÓRIA DE PENTECOSTES


               O findar o período de cinqüenta dias após a Páscoa, a festa de Pentecostes com a descida do Espírito Santo marca o "cumprimento da promessa e a realização da esperança," como reza um hino do Ofício bizantino da manhã e no "próprio" dessa solenidade o élan poético se une à precisão teológica ao convidar o fiel à adoração do Deus Uno e Trino. No Oriente bizantino, a festa de Pentecostes celebra também a festa da Santíssima Trindade (diferentemente da liturgia latina que a celebra no domingo seguinte), porque justamente com a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos se completou a revelação do mistério trinitário. No cristianismo primitivo a comemoração do evento histórico, ocorrido no Cenáculo do monte Sion, prevalecia na festa de Pentecostes, que já se celebrava em Jerusalém no século IV, ao passo que a liturgia bizantina hodierna transfere tal comemoração ao dia seguinte, segunda-feira.

    Os textos dos Ofícios unem, porém, os dois aspectos do mistério e já nas Vésperas encontramos seja um breve hino trinitário muito conhecido, porque cantado a cada liturgia eucarística, logo depois da comunhão dos fiéis:

Vimos a verdadeira luz,

recebemos o Espírito celeste,

encontramos a fé verdadeira,

adorando a indivisível Trindade;

pois foi ela que nos salvou!

Seja a invocação ao Espírito Santo com a qual começam quase todas as orações litúrgicas e particulares dos fiéis ortodoxos e católicos de rito bizantino:

Rei celeste, Consolador, Espírito de verdade,

presente em toda parte e ocupando todo lugar;

tesouro de bens e dispensador da vida,

vem e habita em nós;

purifica-nos de toda a impureza

e salva as nossas almas, tu que és bom!

No ofício das Vésperas, três leituras tiradas do Antigo Testamento (Nm 11:16-17.24-29; Jl 3:1-2 e Ez 36:24-28) evocam as obras do Espírito em épocas longínquas, para fazer melhor entender a ação transformadora ocorrida nos apóstolos nos inícios da história do Reino de Deus, assim sintetizada no tropário (8º tom) conclusivo:

Bendito és tu, Cristo nosso Deus,

que tornaste sábios a simples pescadores,

enviando-lhes o Espírito Santo

e, por eles, colheste na rede o universo inteiro.

Glória a ti, Amigo dos homens!

Outro hino, repetido várias vezes durante a semana de Pentecostes, é o kondakion, que faz alusão ao fato bíblico da confusão das línguas durante a construção da torre de Babel:

Quando o Altíssimo desceu à Terra

para confundir as línguas, dispersou os povos;

mas, quando distribuiu as línguas de fogo,

chamou-nos todos à unidade.

Glorifiquemos a urna só voz o Espírito Santíssimo!

Kondakion (8º tom)

É sabido que importância têm na teologia e na liturgia bizantina a pessoa e a obra do Paráclito; o Ofício de Pentecostes, em vários momentos, se detém em descrevê-las. É suficiente, como exemplo, este hino tirado das Laudes:

«O Espírito Santo era, é e será sem princípio e sem fim,

mas sempre igual em dignidade ao Pai e ao Filho

e com eles enumerado Vida e vivificador;

Luz e doador de luz;

Bom em si mesmo e fonte de bondade:

graças a ele o Pai é conhecido e o Filho é glorificado

e à humanidade inteira se faz conhecer

como uma única força, uma única hipóstase,

uma única adoração da santa Trindade.»

                   O ícone da festa, com sua mensagem visual, reforça nos fiéis o conhecimento do evento e do mistério de Pentecostes. Também ele se fundamenta no dado escriturístico (At 2), porém com uma releitura eclesial que, no seu tratado Hermenêutica da pintura, Dionísio de Furná no século 18, relatando uma tradição quase milenária, assim expõe.

                 «Os doze Apóstolos estão sentados em círculo e, abaixo deles, numa pequena abóbada semicircular, está a figura de um velho com uma coroa na cabeça; com ambas as mãos segura uma faixa na qual estão envolvidas doze cartas. Sobre a cabeça aparece a inscrição: 'O Cosmo...´»

                  O mundo inteiro, representado pelo velho homem coroado, prisioneiro das trevas do mal e que estende os braços para receber os doze rolos, isto é, a pregação apostólica, é, dessa maneira, iluminado pelo evento de Pentecostes que continua ainda hoje: estende-se no anúncio missionário e alcança também a nós. Se no universo perdura o "mistério da iniqüidade" em tantos acontecimentos e situações dolorosas, a graça e a luz do Espírito pode renovar e divinizar tudo. No ícone descrito, aparece no centro a Virgem numa atitude orante e, ao mesmo tempo, de acolhida; à sua direita está São Pedro e os outros apóstolos. Entre eles podemos ver anacronismos como, por exemplo, as imagens de São Paulo ou de alguns evangelistas indicados pelos nomes inscritos nos nimbos, como querendo melhor sublinhar a ação permanente do Espírito Santo que funda e anima a Igreja. No alto, ao centro, o fogo da divindade, da qual se depreendem línguas de fogo colocadas sobre a cabeça da Mãe de Deus e dos apóstolos.

Afirma outro hino litúrgico:

O Espírito Santo distribui todos os benefício,

efunde as profecias, institui os sacerdotes,

doa a sabedoria aos ignorantes,

transforma os pescadores em teólogos,

dá toda a sua forma ao ordenamento da Igreja.

Paráclito consubstancial e co-reinante com o Pai e o Filho, glória a ti!

              Sete longas orações, recitadas pelo celebrante ajoelhado, como também todos os fiéis, constituem uma particularidade da festa de Pentecostes; fazem parte do ofício das Vésperas do domingo à tarde. A autoria da primeira oração é atribuída a São Basílio. Somente elas mereceriam um tratado à parte. Entre os hinógrafos da festa cujos nomes chegaram até nós, assinalamos: São Romanós, o Melode, que compôs uma oração recitada depois do kondakion e que na Quaresma bizantina é repetida todos os dias na Hora terça; Leão, imperador bizantino († 912), compôs um comentário ao Triságion e São Cosme de Maiúma, autor do primeiro Cânon no ofício das Matinas. Esses autores são os representantes daquela Igreja indivisa do primeiro milênio em que cristãos do Oriente e do Ocidente, mesmo com algumas diversidades, viviam unidos, testemunhando melhor que, graças aos apóstolos, sustentados pelo Paráclito, «o mundo inteiro é iluminado para honrar a Santa Trindade.»

A força divina, descida hoje sobre nós,

é o Espírito bom, o Espírito da sabedoria de Deus,

o Espírito que procede do Pai e através do Filho

se manifesta aos crentes,

doando aos que neles habita a santidade.

Ode Quinta do Cânon

Invoquemos, pois, o Espírito Santo também para o restabelecimento da unidade plena entre os cristãos, para o louvor e glória da Santíssima Trindade
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Fonte:

«O ANO LITÚRGICO BIZANTINO»

Madre Maria Donadeo


PREPARE-SE PARA A GRANDE FESTA DE FIM DE ANO!



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PADRE FÁBIO DE MELO

 

COMEMORAÇÃO DOS 200 ANOS DA PARÓQUIA DO SENHOR DO BONFIM. COMECE A ORGANIZAR SUA CARAVANA PARA RECEBER ESTE GRANDE PRESENTE: DEZEMBRO / 2012.


                                                 
Padre Fábio de Melo é um sacerdote católico, cantor, compositor, apresentador, poeta, escritor, professor, ligado a Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus.


“Só dê ouvidos a quem te ama. Não te preocupes tanto com o que acham de ti. O que te salva não é o que os outros andam achando, mas é o que Deus sabe a teu respeito.”