No Evangelho do próximo domingo (25/3/2012) nos fala que na busca incessante do amor do Pai descobrimos o quanto é maravilhoso fazer parte da família abençoada de Deus. Nada se compara a dedicação do Nosso Pai para com seu povo. Ele foi grande e fraternoso na dedicação com olhar penetrante de um guardião. Ele quis e deseja a felicidade integral de todos.
Para conhecer por dentro de quão maravilhoso foi a cumplicidade do Criador para com sua criatura, faz-se necessário atitudes arrojadas, como diz no Evangelho: é preciso morrer para o mundo terreno para viver no Cristo, caso não morra para as coisas supérfluas, não conhecerá a vida eterna em plenitude.Enquanto os filhos de Deus permanecem apegados ao mundo materialista, complexo e dividido, as portas do céu não serão abertas na totalidade. Para tanto, o despojamento é imprescindível para que a semente seja destruída na terra com a finalidade da germinação perfeita. Assim, o arbusto crescerá, florirá e produzirá frutos de boa qualidade.
Deus fez aliança com o povo que sofria no Egito. Ele pegou pelas mãos e encaminhou para um lugar seguro. Caminhou com seu povo em todos os segmentos das dificuldades. Moisés foi o grande líder, sentiu as dores e pediu socorro para aliviar as tensões. O Senhor nunca deixou de lado seus filhos amados. Esteve presente em todos os momentos.
Na aliança firmada com o povo escravo do Egito firmava a confiança e a dedicação no Deus que dá a vida e salva. Este Deus colocou todas as esperanças no cumprimento e do acordo: seguir o Deus da vida e do amor. Mas nem tudo foi cumprido.
O povo salvo da escravidão revoltou contra o Senhor salvador. Dividiu em Israel e Judá. Criou suas inovações a partir de suas necessidades e esqueceu-se do Senhor teu Deus e Pai de Bondade. Na arrogância do viver-bem distanciava da aliança e tentou imprimir sua força terrena.
Entretanto, o Senhor não desanimou do seu povo ao quebrar a aliança e afirmou segundo o profeta Jeremias: ”imprimirei minha lei em suas entranhas e hei de inscrevê-la em seu coração; serei seu Deus e eles serão meu povo” (Je 31, 33). A persistência com o povo desgarrado foi a marca do Senhor para conter a ímpeto malcriado de uma legião que no passado foi salva do tronco e da brutalidade. Assim, ao imprimir as leis no coração de cada um, passará a conhecer de perto o verdadeiro significado da vida e humildemente o Senhor finalizou: “perdoarei sua maldade, e não mais lembrarei o seu pecado”. (Je 31, 34).
Não tem ensinamento maior do que o perdão. Ele transfigura no ser de Deus e faz o cristão mais íntimo ainda do criador. Perdoar as maldades ou as atrocidades cometidas e ser persistente, elevando a lei no coração infiel, demonstram o quanto o Senhor aplaude as vicissitudes de seus amados.
Contudo muitos cristãos de hoje ainda não encontraram e não sentiram a lei do Senhor em seus corações. Pelas atitudes maldosas, ações interesseiras e desamor com o outro confirma a falta do ensinamento do Evangelho. O mundo dos cristãos consome vivos os filhos de Deus para engrandecer pelas conquistas terrenas. Mata o irmão por notar que está atrapalhando seus privilégios, não expressa sentimentos de misericórdia e nem da solidariedade.
Todavia, para selar a aliança com seu povo e amolecer o coração do homem pecador Deus enviou seu filho para a terra. Jesus em missão, percebendo a insensatez no coração maldoso do homem dirigiu súplicas àquele que era capaz de salvá-lo da morte. Claro que foi ouvido, pois o Senhor retamente atende as aflições de quem o pede.
O atendimento foi possível porque Jesus foi um filho obediente. Entendeu que para ser acolhido seria necessário uma ínfima ligação com o Pai. Seus preceitos de glórias e bondade estariam disponíveis para quem deles seguissem com carinho. Portanto, Jesus foi um filho amoroso com o Pai e dele aprouve-lhe todo o bem.
O que impede alcançar a salvação da alma são os interesses alheios às coisas de Deus. O homem vivia no pecado, cada um pensava ser mais poderoso do que o outro, não se contentava com o disponível para o viver e, para tal, buscava a satisfação nas ilusões da vida. Tanto foi na época de Jesus como hoje. Enquanto consegue subtrair comodidade de suas ações nem dá bola para Deus, mas basta a casa desabar em sua cabeça que o pedido de socorro não demora. Lembra de Deus nas ocasiões mais dramáticas, cobra de Deus urgência nos pedidos e, caso não aconteça na forma que pediu, revolta-se, fala mal e briga com o Pai. Ao entrar no desespero para não perder tudo, atira-se para todo lado, inclusive passa acreditar em soluções imediatistas sem precedentes. Que complicação!
Caros leitores, as coisas de Deus são boas, mas para entrar na sua magnitude é preciso desfazer de muitas cosas. Veja no Evangelho de João. Jesus estava em Jerusalém pregando no Templo durante a festa dos judeus. Alguns queriam falar com ele, inclusive pagãos da Grécia e veja que lições ganharam: “se um grão de trigo não for jogado na terra e não morrer, ele continuará a ser apenas um grão. Mas, se morrer, dará muito trigo. Quem ama a sua vida não terá a vida verdadeira; mas quem não se apega à sua vida, neste mundo, ganhará para sempre a vida verdadeira. Quem quiser me servir siga-me; e, onde eu estiver ali também estará esse meu servo. E o meu Pai honrará todos os que me servem”. Jesus propõe atenção para as coisas do Pai, nada adianta querer acumular e viver na vida terrena e perder a vida no Cristo Ressuscitado. Este período em que o homem vive na terra é pequeno demais em comparação com a vida no céu. A eternidade feliz se constrói no dia-a-dia e, para tanto, é preciso morrer para esta vida. Assim como o grão de trigo deve ser jogado na terra para morrer, o homem precisa morrer na terra para viver na vida consagrada com Deus.
Sabias palavras de João. Ele está convencendo sua comunidade a desgarrar do mundo material para voltar a Deus. A felicidade do homem não está nos apegos das coisas palpáveis, mas está no mundo metafísico da fé. Para tanto, a fé é um instrumento importante para acreditar que Jesus foi o compromisso do Senhor com o povo escolhido que veio trazer a libertação e vida para aqueles que ainda não conheciam.
A passagem de Jesus na terra não foi por acaso. Ele tinha um objetivo, não morrer na cruz, mas conduzir seus irmãos para um caminho da paz. A cruz foi a extensão do seu amor e exemplo de dedicação. Precisava morrer da forma violenta para o povo compreender a proposta da salvação. Tem-se aí o grão de trigo morrendo para garantir a vida em plenitude.
Como entoa o salmista: “criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido. Ó Senhor, não me afasteis de vossa face, nem retireis de mim o vosso Santo Espírito”. (Sl 50) Tende piedade Senhor porque vosso povo precisa de compaixão e espírito decidido renovado para afastar todos os males que vos perturbam. Mas não adianta só desejar e pedir, faz-se necessário agir, fazer algo, movimentar-se para estar em consonância com Deus.
Portanto, neste dia do Senhor, pedimos corajosamente a conversão, ou seja, a vontade de mudar da vida em pecado para a vida na fé e no compromisso com o projeto de libertação de Jesus. O querer sozinho não vai adiantar é preciso colocar a mão na massa para o bem fazer de Deus. Amém!